Em 2018 realizamos um curso de capacitação com professores de língua guarani das duas instituições de ensino indígenas de Diamante D'Oeste: Escola Estadual Indígena Araju Porã, localizada no Tekoha Itamarã, e Colégio Estadual Indígena Kuaa Mbo'e, localizado no Tekoha Añetete. Essa formação foi ministrada pelo professor Mário Ramão da UNILA, com a orientação de professores do curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Marechal Cândido Rondon). O principal objetivo do curso foi a orientação no processo de elaboração dos materiais didáticos na própria língua originária para o ensino da língua e cultura guarani no contexto da educação indígena.

Durante as aulas foram utilizados materiais didáticos do ensino de língua guarani com diferentes variantes na escrita e na oralidade, provenientes do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. Além dessas variantes diatópicas, também foram trabalhadas as variações da língua guarani presentes em diferentes povos, tais como Mbya, Kaiowa (Pãitavyterã) e Avá (Ñandeva) porque os líderes indígenas assim o solicitaram. O diferencial da experiência é que foi a primeira vez que um curso com tal propósito foi realizado totalmente em guarani. No decorrer do curso, alguns estudantes da UNILA gravaram as experiências vivenciadas, tanto no contexto das escolas, quanto no contexto da opy (casa de reza). Dando início ao uso do audiovisual no projeto de educomunicação.

Em 2019 demos continuidade ao projeto de extensão com uma nova composição de equipe e o planejamento de novas atividades para com os Tekohas Añetete e Itamarã, localizadas em Diamante D’Oeste, bem como suas respectivas Escolas Indígenas ligadas à Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná. A partir desse planejamento, ficou decidido um novo posicionamento estratégico do projeto, onde pretendemos promover a formação e o acompanhamento em Educomunicação nos tekohas e escolas. Iniciando um trabalho formativo junto aos estudantes e educadores por meio de oficinas, com atividades de desenho, gravação de áudios, produção de fotografias, vídeos, entre outros. Além do desenvolvimento de expressividade, apropriação dos meios de comunicação e trabalho coletivo visando a valorização da cultura Avá Guarani, o projeto pretendeu fomentar o protagonismo dos próprios Avá Guaranis por meio de suas criações expressas em áudio-histórias, entrevistas e músicas, fotografias de retratos e cotidiano e vídeos de espaços e práticas.

Programamos, para esse desenvolvimento, um cronograma com a realização de três oficinas para cada tekoha e/ou escola, sendo a primeira oficina dedicada ao rádio, a segunda à fotografia e a última ao vídeo. Apesar de cada uma delas trabalhar um meio de comunicação, todas as oficinas se relacionaram por seu objetivo, metodologia e didática, resultando em uma série de peças audiovisuais. Após a realização de tais oficinas com crianças e juventude guarani, retornamos com uma devolutiva às lideranças dos tekohas. Com a apresentação dos resultados obtidos até aquele momento, concordamos na criação de um portal de comunicação comunitária e a realização de oficinas formativas para com o grupo de Jovens Lideranças de Itamarã. Além de nossa participação no Encontro da Comissão Regional Yvy ru’pa miri, da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina), em Novembro de 2019.

Enquanto atividade acadêmica, participamos do XV Congresso Latino-americano e Caribenho de Extensão Universitária da Universidad Nacional del Este em Ciudad del Este, Paraguay. E também do VII Seminário de Extensão da UNILA (SEUNI), durante a 2ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNILA (SIEPE).

Em 2020, com a pandemia de COVID-19 e isolamento social, iniciamos a criação deste portal com o objetivo de documentar e disponibilizar tudo o que desenvolvemos até o momento. Ademais, a fim de satisfazer a demanda de comunicação própria, sugerida pelas lideranças dos tekohas, convidamos alguns guaranis para se unirem a nossa equipe, de forma oficial, e criarem o portal conosco. A ideia é continuar criando conteúdos a partir do que já possuímos de material audiovisual e também possibilitar a criação de novos materiais dentro das comunidades, mesmo em isolamento social.